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Moradores e trabalhadores da Olaria recorrem à Defensoria Pública após receberem multas ambientais

Oleiros estão com a produção de tijolos embargada pelo órgão de fiscalização ambiental do estado; Demanda será atendida pelo GAED
Foto: ASCOM DPE-RR
Por se tratar de uma demanda de interesse coletivo, o caso será encaminhado ao Grupo de Atuação Especial (GAED)

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Da: ASCOM DPE-RR

Cerca de 20 moradores e trabalhadores da Vila Real e Vila Vintém no município do Cantá, área denominada Olaria, procuraram a Defensoria Pública do Estado de Roraima (DPE-RR) para orientação jurídica, após receberem autos de infração da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Femarh).

Mais de 500 famílias moram e trabalham no local, alvo de uma ação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF) e que pedia a desocupação da área de preservação ambiental. O STF suspendeu a ordem de despejo em novembro de 2023 e determinou que os moradores permanecessem no local, até o julgamento final da ação.

Há ainda um processo em tramitação na 2° Vara da Fazenda Pública da Comarca de Boa Vista, que determina ao Estado de Roraima a submissão de estudo técnico da área em questão ao órgão ambiental competente, requerendo a licença ambiental e, após a aprovação do estudo e da licença, execute o projeto de recuperação da área degradada.

Porém, nos dias 11, 12 e 13 de março de 2024, os moradores começaram a receber multas da Femarh por estarem retirando argila da área de preservação permanente para a produção de tijolos, sem o licenciamento ambiental.

A assessora jurídica da Vara da Fazenda Pública, Atayane Thomaz, relatou que os oleiros informaram que moram e trabalham naquela área há 30 anos e que, durante todo esse tempo, o órgão ambiental do Estado nunca fez nenhuma fiscalização ou justificou que a produção dos tijolos era irregular.

Eles me repassaram que há 30 anos estão no local, trabalhando no local e não tiveram nenhuma fiscalização. A Femarh nunca esteve lá para justificar que aquilo era indevido, além de ser moradia deles. Devido às multas, eles estão como depositários fiéis dos tijolos, ou seja, eles só podem cuidar dos tijolos, não podem vender, não podem fazer nada. Alguns informaram que a produção já estava toda vendida e foi apreendida. Além de ter a produção embargada, não podem trabalhar e não podem entregar a produção que venderam antecipadamente”, explicou.

Diante da situação urgente de risco à sobrevivência de tantas famílias, a demanda será repassada pelo gabinete da Vara da Fazenda Pública ao Grupo de Atuação Especial da Defensoria Pública (GAED), para atuação na defesa dos direitos coletivos, como explica a assessora jurídica.

Morador e trabalhador da área, Sebastião Duarte Filho, 26 anos, diante da impossibilidade de continuar o sustento das famílias, procurou a Defensoria juntamente com alguns vizinhos, para orientação jurídica e tentativa de reverter a situação.

Eu moro e trabalho lá e o dinheiro que eu ganho é de lá, para sustentar a minha família. Recebi o papel que deram a multa para a gente lá da Olaria e nós procuramos a Defensoria para ver o que nós resolvemos. Vamos encaminhar os documentos o mais rápido possível, porque as multas já estão aí, para tentar reverter essa situação”, disse Sebastião, apreensivo.

Os moradores foram encaminhados ao atendimento da DPE-RR, cadastrados no sistema, disponibilizaram os autos de infração e documentos pessoais para serem apresentados ao GAED para as providências cabíveis.