Escola de Boa Vista promove conscientização e ensina alunos a dizer não ao bullying

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A série “Adolescência”, lançada recentemente pela Netflix, reacendeu o debate sobre os impactos do bullying. A temática, que ganha cada vez mais espaço nas rodas de conversa, também é pauta nas salas de aula da Rede Municipal de Ensino de Boa Vista. Um bom exemplo vem da Escola Municipal Valdemarina Normando Martins, localizada no bairro Nova Cidade. Desde 2022, a unidade desenvolve o projeto “Bullying, eu me importo”, que busca conscientizar os estudantes do 1º ao 5º ano sobre os riscos dessa prática e promover valores como respeito e empatia.

Neste ano, a mobilização começou pelas turmas do 5° ano, mas até o fim de 2025, cerca de 982 estudantes devem participar do projeto. A proposta envolve rodas de conversa, palestras, produções de cartazes, vídeos, dramatizações e outras atividades que estimulam os alunos a refletirem sobre o respeito às diferenças e sobre como lidar com situações de violência verbal, física ou psicológica no ambiente escolar.

Trabalho contínuo e resultados visíveis

A diretora Rosielma Lira explicou que a iniciativa nasceu da necessidade de prevenir os alunos contra violência na escola. “Desenvolvemos esse trabalho com o apoio dos professores. Hoje vemos que os alunos são mais conscientes, buscando ajuda quando percebem uma situação de bullying”, afirmou.

Angelita Schimitz, gerente de Ensino Fundamental da Rede Municipal, destaca que o trabalho de prevenção faz parte do planejamento das escolas durante todo o ano. “Não é uma ação pontual. É algo contínuo, feito desde a educação infantil. E vai além dos alunos, alcançando também os pais e responsáveis. Quando as escolas trabalham a prevenção, os casos diminuem consideravelmente”, explicou.

O impacto nas crianças

Rebeca Pedroso, de 10 anos, aluna do 5° ano, falou sobre o que aprendeu com o projeto. “Descobri que o bullying é um crime e que tem vários tipos. Já sofri bullying verbal no segundo ano. Eu não contava para ninguém, mas hoje eu sei como agir e acho importante mostrar para todo mundo o quanto isso machuca”, disse.

Já Franchesko José, também de 10 anos, contou que foi vítima de bullying por ser inteligente. “Ficavam com inveja e falavam mal de mim. Eu me sentia triste, com vergonha. Hoje, eu superei e acho importante alertar os colegas para não passarem por isso”, relatou.

Projeto fortalece cultura de paz na escola

Além das ações com os alunos, o projeto “Bullying, eu me importo” também busca envolver toda a comunidade escolar. Reuniões com pais e responsáveis fazem parte da estratégia, criando um ambiente de confiança para que as famílias saibam como identificar sinais de que seus filhos estão sofrendo ou praticando bullying.

A iniciativa está amparada por legislações como a Lei nº 13.185/2015 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), reforçando o papel da escola como espaço de promoção da cidadania e dos direitos humanos.

Bullying é crime

O bullying é uma prática de intimidação sistemática, que pode ser física, verbal, moral, sexual, social ou virtual. A Lei nº 13.185/2015 estabelece medidas de prevenção e combate ao bullying em todo o território nacional.

Práticas como apelidos, exclusão social, agressões físicas e ofensas podem ter consequências graves na vida de uma criança ou adolescente. É essencial trabalhar o respeito e a empatia desde cedo para garantir ambientes mais seguros e acolhedores para todos.