Boa Vista (RR) — Trafegar pela BR-174 no trecho que liga a capital Boa Vista à cidade fronteiriça de Pacaraima segue sendo um grande desafio. Buracos espalhados por toda a pista, acostamentos desgastados e a falta de sinalização adequada tornam o percurso perigoso e cansativo. Para quem depende da estrada diariamente, o sentimento é de abandono e descaso por parte das autoridades.
“É um verdadeiro campo de guerra”, resume uma comerciante que faz o trajeto pelo menos duas vezes por semana para buscar mercadorias em Pacaraima. “A gente perde tempo, dinheiro e corre risco de vida. Já tive pneu rasgado, amortecedor quebrado e quase sofri um acidente grave por causa de um buraco encoberto pela lama.”
A situação crítica afeta não só os pequenos comerciantes, mas também caminhoneiros e motoristas de transporte de cargas. “A gente não sabe se chega ou se fica no meio do caminho”, afirmou um caminhoneiro que faz o trajeto semanalmente. “É buraco demais. Você tem que escolher entre o maior e o menor para tentar passar.”
O trecho é estratégico tanto para o comércio quanto para a logística e o fluxo migratório entre Brasil e Venezuela. No entanto, a precariedade da pista contrasta com sua importância. Caminhões atolam, ambulâncias atrasam e o medo de assaltos cresce nas áreas mais isoladas e sem iluminação.
As reclamações são antigas. Segundo motoristas da região, há anos o trecho não passa por uma reforma estrutural, recebendo apenas operações de tapa-buracos, que duram pouco diante das chuvas intensas e do tráfego pesado.
Na chegada a Pacaraima, a situação da BR-174 é ainda pior
Pacaraima (RR) — Se o trajeto pela BR-174 já é desafiador na maior parte do percurso, a situação se agrava ainda mais na chegada ao município de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. Buracos profundos ocupam até metade da pista, forçando motoristas a desviar constantemente — muitas vezes pela contramão — e aumentando o risco de acidentes graves.
“Chegar aqui é uma vitória. Mas é uma vitória sofrida”, desabafa um taxista que faz a rota entre Boa Vista e Pacaraima semanalmente. “Nessa parte final, parece que a estrada foi esquecida. Tem trecho em que você é obrigado a sair do asfalto e passar pelo acostamento.”
Além do risco para motoristas, a precariedade impacta diretamente a população local. Pacaraima é o principal ponto de entrada de migrantes venezuelanos e abriga postos da Polícia Federal, do Exército e de serviços sociais, mas o acesso ao município segue em condições deploráveis.
Durante o período chuvoso, a situação piora ainda mais: buracos se transformam em verdadeiras crateras cobertas por água, dificultando a visibilidade e tornando o percurso ainda mais perigoso. Caminhões carregados, ônibus e ambulâncias enfrentam sérias dificuldades para completar o trajeto com segurança.
Sem previsão de obras definitivas, a BR-174 segue sendo mais um retrato do abandono das rodovias federais em Roraima. Enquanto o asfalto cede, aumenta também a sensação de insegurança entre quem depende da estrada todos os dias.